top of page

PUNIÇÃO OU DISCIPLINA NAS IGREJAS DA RELIGIÃO EVANGÉLICA?





No coração da comunidade evangélica, encontramos um dilema persistente e delicado: como abordar o pecado dentro da igreja, especialmente aqueles relacionados à sexualidade? A pergunta é feita pelo fato que a maioria das igrejas cristãs, fixam a sua preocupação nesta área. Geralmente esquecem outros problemas éticos e morais. Este desafio não é apenas teológico, mas profundamente prático e pastoral. A resposta a essa questão revela nossa compreensão dos termos "punição" e "disciplina", que, embora frequentemente usados de forma intercambiável, carregam significados distintos e implicações divergentes para a vida da igreja.


Punição refere-se a uma penalidade imposta por um erro ou pecado, com o objetivo de retribuir, de alguma forma, o dano causado. É uma ação que visa infligir uma consequência negativa, muitas vezes sem a intenção explícita de promover mudança ou restauração no indivíduo punido.


Disciplina, por outro lado, é uma prática guiada pelo amor, destinada à correção e ao crescimento. Na tradição evangélica, a disciplina é vista como um meio de restauração, não apenas para corrigir o comportamento, mas para transformar o coração, alinhando-o mais estreitamente com os ensinamentos e o caráter de Cristo.


As diferenças entre esses dois conceitos são profundas. Enquanto a punição olha para o passado, focando no erro cometido, a disciplina olha para o futuro, com o objetivo de formar caráter, promover santidade e restaurar relacionamentos — tanto com Deus quanto com a comunidade.


A Prática da Punição nas Igrejas

Infelizmente, muitas comunidades evangélicas têm adotado uma abordagem punitiva em relação ao pecado, especialmente os pecados de natureza sexual. Isso se manifesta na exclusão ou expulsão de membros que falharam em viver de acordo com os padrões morais da comunidade, muitas vezes sem oferecer um caminho claro para a restauração ou reconciliação. Tal abordagem não apenas falha em refletir o coração restaurador de Deus, como também pode criar ambientes de medo, vergonha e hipocrisia, onde outros pecados "menos visíveis" são ignorados ou minimizados.


O Caminho da Disciplina Bíblica

A Bíblia, contudo, nos oferece um modelo de disciplina que é radicalmente diferente. Em Mateus 18:15-17, Jesus delineia um processo de confrontação e reconciliação que enfatiza a privacidade, o respeito e o amor. O objetivo não é expor ou humilhar, mas ganhar o irmão. Da mesma forma, em Gálatas 6:1, Paulo exorta os crentes a restaurarem aqueles que estão em pecado com um espírito de mansidão, lembrando-os de sua própria susceptibilidade ao erro.

Esses textos bíblicos ressaltam que a disciplina na igreja deve ser exercida de uma maneira que reflete o caráter de Cristo — um caráter marcado por amor, misericórdia e um desejo ardente pela restauração das pessoas a uma relação correta com Deus e com sua comunidade. A disciplina bíblica é, portanto, um ato de amor, projetado para trazer arrependimento, cura e crescimento espiritual.


Conclusão

Como comunidades de fé, estamos diante de uma escolha: adotar uma postura de punição, que marginaliza e aliena, ou abraçar a disciplina bíblica, que restaura e transforma. Ao escolher o caminho da disciplina, seguimos os passos de Jesus, que veio "para buscar e salvar o que estava perdido" (Lucas 19:10), e não para condenar (João 3:17). Que nossas igrejas sejam lugares de graça, onde todos são chamados ao arrependimento e onde a disciplina é praticada como um meio de graça, levando à restauração e à vida plena em Cristo.

Ao abordarmos os desafios e pecados dentro de nossa comunidade, que possamos sempre refletir o coração de Deus, que "não nos trata conforme os nossos pecados, nem nos retribui de acordo com as nossas iniquidades" (Salmos 103:10), mas nos chama, com amor e paciência, de volta à comunhão com Ele e com o corpo de Cristo.



Seja membro da nossa comunidade digital. Acesse o menu para inscrições. Você vai receber diversas ferramentas para seu crescimento e edificação

78 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page